Robert Faurisson nasceu em Sheperton, Inglaterra, em 25 de janeiro de 1929. Possui cidadania inglesa e francesa. Estudou no Seminaire Petit de Versailles, no Colégio da Provença em Marselha e no Lycée Henri IV em Paris. Entre 1969 e 1973 foi professor estagiário e depois professor titular de literatura francesa em Paris III (Université Sorbonne Nouvelle). De 1973 a 1990 ensinou literatura contemporânea na Universidade de Lyon II.
A partir da década de 1970, Faurisson tornou-se um dos negacionistas – termo que qualifica aqueles que negam o Holocausto na Alemanha Nazista – mais expressivos e atuantes. Suas teorias ficaram conhecidas após comentar a entrevista de Louis Darquier de Pellepoix (vichista e anti-semita), ex-funcionário do Governo de Vichy, ao Jornal Express em outubro de 1978. Faurisson chamou as câmaras de gás e o genocídio de “uma só mentira (…) endossada até agora pela história oficial (a dos vencedores) e pelo poder colossal dos meios de comunicação” (FAURISSON, Apud MILMAN, 2000, 69).
Robert Faurisson publicou também, em dezembro deste mesmo ano, o artigo “O Problema das Câmaras de Gás” ou “O Boato de Auschwitz”, no jornal Le Monde. Estes artigos lhe deram ainda mais visibilidade, visto que entre 1978 e 1983 a França vivia uma onda de discussões sobre sua colaboração com o Holocausto durante a ocupação Nazista. Foi neste ambiente que as teorias negacionistas, também chamadas de revisionistas, afloraram e se difundiram. Seus panfletos e textos continuaram a ser editados com a colaboração da editora La Vieille Taupe (MILMAN, 2000, 68-72).
Desde então, Faurisson vem agindo em prol de divulgar as idéias revisionistas: de que Hitler não ordenou o massacre de judeus; a não existência de campos de extermínio, mas de trabalho para prisioneiros de guerra; a ausência de câmaras de gás; que o uso de veneno era para matar piolhos e não pessoas; dentre uma série de afirmações sem respaldo histórico (Robert Faurisson, Disponível em acesso 28/01/2011).
Seu interesse pelo negacionismo surgiu após contato com as publicações de Paul Rassinier. Professor de história e geografia nos anos 1920, ex-militante do partido comunista francês, ex-detento de Buchenwaid e Dora-Nordhaussen durante a segunda guerra mundial, começou a publicar trabalhos que negavam a existência dos campos de concentração para extermínio de judeus e demais prisioneiros. Na década de 1960, publicou textos como Le Drame des Juifs Européens (1964), Operátion Vicaire (1965) e Les Responsables de La Seconde Guerre Mondiale (1967), abertamente anti-judeus e que alegavam, inclusive, que as câmaras de gás eram uma invenção histórica. Rassinier acusava os judeus de capitalistas e conspirarem para dominar o mundo.
Faurisson construiu as bases de suas teses revisionistas mediante as idéias de Rassinier. A mais de quarenta anos vêm promovendo-as através dos diversos meios de comunicação: TV, jornais, emissoras de rádio, Internet. Para isso, conta com um número considerável de defensores do revisionismo, desde intelectuais a grupos de extrema-direita, neonazistas ou militantes mulçumanos, bem como fóruns de debates – CODOH (Committee for Open Debate on the Holocaust, http://www.codoh.com) e portais na web como Radio Islam (http://www.radioislam.org/islam/portugues/ portu.htm#revisionismo), Nueva Orden (http://www.nuevorden.net/c.html), dentre outros.
Dessa forma, os negacionistas apresentam-se como pesquisadores que questionam a história oficial, porém seus métodos e teses contradizem suas afirmações. Além disso, embora o revisionismo alegue esclarecer a “verdade” sobre o Holocausto, seus argumentos têm característica de dissimulação histórica e suas motivações são políticas. Luis Milman afirma que os negacionistas são anti-semitas, visam habilitar o fascismo como solução de problemas e apropriam-se de teorias deturpadas como ataque ao Estado de Israel (MILMAN, 2000)
Karla Karine de Jesus Silva
Mestra em História pala Universidade Federal de Sergipe
Referências Bibliográficas:
MILMAN, Luis (ORG.); VIZENTINI, Paulo Fagundes (ORG.). Neonazismo, Negacionismo e Extremismo Político. Porto Alegre: Editora da Universidade (UFRGS): CORAG, 2000. p.68-72.
FAURISSON, Robert. Disponível em: acesso 28/01/2011.
FAURISSON, Robert. Revisionismo. Disponível em: acesso em 10/08/2009.
FAURISSON, Robert. Revisionismo. Disponível em: acesso em 15/08/2009.
Como citar?
SILVA, Karla K. J. Robert Faurisson. In: ENTEMPO Enciclopédia Eletrônica do Tempo Presente. Aracaju: Getempo. Disponível em: <http://enciclopedia.getempo.org/2021/04/22/robert-faurisson/>. Verbete da Enciclopédia.