A Al-Qaeda da Península Arábica (AQPA) é um Grupo militante islâmico filiado à rede Al-Qaeda e reconhecido sob tal denominação desde janeiro de 2009. Sua criação ocorreu após a fusão das franquias da Arábia Saudita e Iêmen; seus primeiros líderes foram Nasser al-Wuhayshi (1976-2015) e Qassim al-Raimi (1970-2020), ambos os nomes com longa trajetória na jihad.
A AQPA foi considerada o ramo mais ativo da organização a qual pertence, com agenda política e tática similar ao núcleo da Al-Qaeda (AQC), esta comandada por Ayman por Ayman al-Zawahiri (1951-) no Paquistão. Além disso, era a principal fornecedora de financiamento e treinamento para outros grupos jihadistas, em especial para o Al-Shaabat na Somália.
Diferente de outros grupos afiliados, que atuavam em escala regional e legavam as ações internacionais à AQC, a AQPA manteve dois campos operacionais. O primeiro era o do “inimigo distante”, com ações realizadas nos Estados Unidos e seus aliados por lone mujahidin, jovens que deveriam atacar o país em que residiam por conta própria, sem necessidade de treinamento ou vinculação formal à Al-Qaeda. O segundo campo era o do “inimigo próximo”, que dizia respeito à Arábia Saudita e Iêmen e tinha as atividades subdividias pelas seguintes ramificações:
- Militar: responsável pelo planejamento operacional de ataques regionais;
- Política: formado pelo líder político e seus conselheiros. Fornece orientações para escolha de alvos, táticas de recrutamento, deslocamento de recursos etc.;
- Mídia: divulga os acontecimentos relacionados aos fronts da AQPA e propaga a ideologia da organização. Seu canal foi denominado al-Malaham; .
- Religiosa: defende e justifica as ações da Al-Qaeda tendo como base textos sagrados islâmicos.
A AQPA se fortaleceu com o incentivo a uma guerra sectária entre sunitas e xiitas no Iêmen, iniciado com a subida dos Houthis – grupo xiita do norte – ao poder após um golpe de Estado em setembro de 2014. Com a justificativa de que os governantes xiitas iram massacrar a maioria sunita do sul, o grupo extremista instaurou um pequeno emirado islâmico no sudoeste do Iêmen, tendo como capital a cidade portuária de Mukalla. Desde então, grande parte da sua arrecadação de recursos proveio do comércio de petróleo e da aplicação de taxas portuárias.
Katty Cristina Lima Sá
Mestra em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro
Referências Bibliográficas:
BAYOUMY, Yara; BROWNING, Noah; GHOBAI, Mohammed. Special report of Al-Qeada in Yemen. Disponível em: http://www.reuters.com/investigates/special-report/yemen-aqap. Acesso em 27 de novembro de 2016.
CFR.org Staff. Al-Qaeda in the Arabian Peninsula. Disponível em: http://www.cfr.org/yemen/al-qaeda-arabian-peninsula-aqap/p9369. Acesso em 17 de novembro de 2016.
ZIMMERMAN, Katherine L. AQAP’s Role in the al Qaeda Network. Disponível em: http://www.criticalthreats.org/sites/default/files/pdf_upload/analysis/Zimmerman_AQAPs_Role_in_the_al_Qaeda_Network_September_2013.pdf. Acesso em 27 de novembro de 2016.
Como citar?
Sá, Katty C.L. Al-Qaeda da península arábica (AQPA). In: ENTEMPO Enciclopédia Eletrônica do Tempo Presente. Aracaju: Getempo. Disponível em: <http://enciclopedia.getempo.org/2021/04/05/al-qaeda-da-peninsula-arabica-aqpa/>. Verbete da Enciclopédia.