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Apartheid

    O Apartheid foi um regime de segregação racial que vigorou na África do Sul entre os anos de 1946 a 1994. O termo Apartheid vem de apartar, ou seja, separar já que este era o modelo de organização social desejada pela supremacia Africâner, separando os brancos dos negros. Ele foi imposto por uma minoria branca que defendia a superioridade absoluta destes em relação aos negros e, para isso, fazia uso da força e da repressão constante (MACEDO, 2020, p. 170).

    Bandeira da África do Sul (1928-1994). Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Flag_of_South_Africa_(1928%E2%80%931994).svg

    O regime representou também a imposição do nacionalismo africâner somado a elementos fascistas presentes em organizações como a Irmandade Africâner e ideologia do Partido Nacional que contribuiu para a consolidação do Apartheid. Esse nacionalismo africâner se mobilizava em busca de poder e riquezas em uma estrutura social baseada na exploração das raças ali compreendidas como inferiores (PEREIRA, 2012, p.59).

    A imposição de um regime oficialmente racista após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) também foi algo que gerou vários questionamentos. Os anos de 1960 foram um período de endurecimento do regime, que era malvisto por seus vizinhos africanos e passou a contar com movimentos de resistência em formato de guerrilha, a exemplo de outros países do continente nesse período (HOBSBAWM, 1995, p. 437). Já a partir de 1973 com a “Convenção Internacional da Punição e Supressão ao Crime do Apartheid”, a África do Sul passou a sofrer repressões devido a imposição do Apartheid. Um dos principais líderes da luta contra o Apartheid foi o ativista Nelson Mandela (1918-2013). Mandela foi preso em 1962 e condenado à prisão perpétua em 1964, o que o transformou no principal líder e referência da luta contra o Apartheid. Mandela foi libertado em 1990 e foi presidente da África do Sul de 1994 a 1999.

    Para grupos como o Creativity Movement e o Blood & Honour, o Apartheid era um modelo de sociedade para se inspirar e defender. A existência de um país oficialmente racista guiado pelos pilares do supremacismo branco era algo a ser admirado. Além disso, os supremacistas africâneres se relacionam com outros membros da extrema-direita internacional, sendo o Movimento de Resistência Africâner um dos principais grupos deste tipo.

    Diego Leonardo Santana Silva
    Doutorando em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGHC/UFRJ)
    Mestre em Educação pela Universidade Federal de Sergipe (PPGED/UFS)

    Referências Bibliográficas:

    HOBSBAWM, Eric. A Era dos Extremos. Tradução Marcos Santarrita. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

    MACEDO, José Rivair. História da África. 1 ed. 5ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2020.

    PEREIRA, Analúcia Danilevicz. A Revolução Sul-Africana: classe ou raça, revolução social ou libertação nacional? São Paulo: Editora Unesp, 2012.

    Sobre a Imagem: Bandeira a África do Sul entre os anos de 1928 a 1994. Ela também ficou conhecida como a Bandeira do Apartheid. Após o fim do regime, alguns grupos supremacistas africâneres fazem uso dessa bandeira como um símbolo de apologia ao antigo governo. Disponível em:

    https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Flag_of_South_Africa_(1928%E2%80%931994).svg

    Como citar?

    SILVA, Diego L.S. Apartheid. In: ENTEMPO Enciclopédia Eletrônica do Tempo Presente. Aracaju: Getempo. Disponível em: <http://enciclopedia.getempo.org/2021/03/25/apartheid/> Verbete da Enciclopédia.