Pular para o conteúdo

Entempo

Anwar Al-Awlaki

    Anwar al-Awlaki (1971-2011) foi um clérigo extremista muçulmano que atuou à frente de prestigiosas mesquitas norte-americanas, tal como Dar al-Hijrah, localizada no estado Virginia, até sua radicalização por volta de 2003. No ano de 2006, ele imigrou para o Iêmen e, três anos depois, participou da reconstrução da franquia da Al-Qaeda na Península Arábica (AQPA), onde atuou na doutrinação de novos recrutas para jihad.

    Fotografia de Anwar Al-Awlaki. Disponível em: https://www.nydailynews.com/news/world/anwar-al-awlaki-samir-khan-dead-al-qaeda-propagandists-killed-u-s-missile-strikes-yemen-article-1.958584

    Nascido no Novo México em 1971, al-Awlaki era graduado em engenharia e possuía mestrado em educação, título conferido pela Universidade George Washington, porém nunca trabalhou em sua área de formação. Ele ingressou na vida religiosa ainda jovem e não tardou a destacar-se por sua postura e sermões descritos como acessíveis e joviais. Por conta disso, o clérigo foi convidado a proferir o sermão de sexta-feira no Capitólio dos Estados Unidos; após os ataques de 11 de setembro de 2001, ele também foi nomeado como uma das vozes “que restabeleceria o contato entre o Islã e a América” pelo jornal The New York Times, em matéria publicada no dia 19 de outubro de 2001.

    Credita-se a radicalização de al-Awlaki a investigação aberta pelo FBI em virtude das visitas de dois executores dos ataques de 11 de setembro a mesquita por ele comanda. O mesmo inquérito revelou o envolvimento do religioso com prostitutas.

    Já como integrante da AQPA, o clérigo aconselhou jihadistas que atacaram o Ocidente. Entre seus pupilos, diretos e indiretos, estão Carlos Bledsoe, Nidal Hasan, Umar Farouk Abdul Mutallab e os irmãos Kouachi. Ademais, foi um dos criadores e principais colaboradores da Inspire Magazine.

    Al-Awlaki foi identificado e morto no Iêmen, com autorização do presidente Barack Obama, em setembro de 2011, o que o tornou o primeiro cidadão americano morto por seu governo sem julgamento desde a Guerra de Secessão (1861-1865). Seus discursos, no entanto, continuaram disponíveis em canais jihadistas no YouTube.

    A morte do extremista foi um artifício de propaganda para a organização na qual ele era um dos principais rostos. A nona edição da Inspire, por exemplo, dedicou textos a al-Awlaki enfatizando a erudição daquele. O assassinato orquestrado pelo governo americano nas “terras da jihad” foi romantizado para descrever o martírio de um homem que era exemplo a ser seguido, pois ele se voltou contra a nação em que nasceu em prol da luta armada na jihad.

    Katty Cristina Lima Sá
    Mestra em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro


    Referências Bibliográficas:

    AL-NADARI, Harith. My story with al-Awlaki. In: Inspire Maganize – Wining on the ground, nº 09, jan/mar de 2012, p. 08-10.

    SANA’ANI, Abu Hurowrah. This  is how we win and this is how you lose. In: Inspire Maganize – Wining on the ground, nº 09, jan/mar de 2012, p. 20.

    BERGEN, Peter. O americano que inspira terror de Paris aos EUA. Disponível em http://edition.cnn.com/2015/01/11/opinion/bergen-american-terrorism-leader-paris-attack/.   Acesso em 21 de novembro de 2016.  

    Como citar?

    Sá, Katty C.L. Anwar Al-Awlaki. In: ENTEMPO Enciclopédia Eletrônica do Tempo Presente. Aracaju: Getempo. Disponível em: <http://enciclopedia.getempo.org/2021/04/05/anwar-al-awlaki/>. Verbete da Enciclopédia.