Al-Qaeda é uma Organização jihadista criada em 1989 pelo terrorista saudita Osama Bin Laden (1957-2011) com apoio de seu antigo tutor Abdullah Azzam (1941-1989). Distingue-se de outras organizações deste tipo por possuir a capacidade de adaptação estrutural e estratégica a diferentes contextos. Esta habilidade permitiu-lhe a atuação em diversos países através de franquias e células autônomas, unidas pelo objetivo em comum de findar as interferências ocidentais, sobretudo dos Estados Unidos, no mundo islâmico.
A emergência da Al-Qaeda foi um dos legados da Guerra Soviético-Afegã (1979-1989) e da confiança dos mujahidin após a vitória sobre o Exército Vermelho. Seu intuito era promover uma vanguarda islâmica que auxiliaria no financiamento e treinamento de grupos locais, o que explica a estrutura da organização em “uma rede de informações, de financiamento, de logística e uma espécie de caixa de pensões e salários para militantes e suas famílias, em especial para aqueles que se transformam em mártires de Alah” (SILVA, 2009, p.13).
Com esta formatação, a entidade pode ser recomposta e redefinida de acordo com as especificidades do momento, o que forma um sistema de atuação sem divisão de tarefas e com maximização das mesmas para repor uma possível perda. Ao emir, cargo que, no momento da escrita deste texto, é ocupado por Ayman Al-Zawahiri (1951-),e aos seus conselheiros da Al-Qaeda Central (AQC), sediada no Paquistão, não cabe centralizar o gerenciamento das tarefas diárias de seus filiados, mas inspirá-los em suas ações e emitir aconselhamentos acerca de ataques de larga escala.
Desde sua fundação até o ano de 2013, a Al-Qaeda já possuiu 56 aliados dentro das seguintes categorias: a) extensão territorial; b) filiado autônomo; c) célula independente; d) aliado ocasional; e) veteranos da Guerra Soviético-Afegã; f) sem filiação formal. O período de maior expansão da rede ocorreu entre os anos de 2001 e 2005, o que acarretou na heterogeneidade de integrantes, agendas e táticas, mantendo-se o objetivo geral da organização.
Outro ponto que merece ressalva são as mudanças passadas pelo núcleo da Al-Qaeda, que perdeu o monopólio no fornecimento de treinamento e recursos financeiros devido a destruição de seus campos afegãos. Desde então, as ações da organização criada por Bin Laden basearam-se nas atividades de seus fraqueados.
Katty Cristina Lima Sá
Mestra em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro
Referências Bibliográficas:
ATWAN, Abdel Bari. A história secreta da Al-Qaeda. São Paulo: Larousse, 2008.
BARBER, Victoria. The Evolution of Al Qaeda’s Global Network and Al Qaeda Core’s Position Within it: A Network Analysis. In: Perspective of Terrorism, volume 9, nº 06, 2015, 03-35.
BRANIFF, Bill; MOGHADAM, Assaf. Towards Global Jihadism: Al-Qaeda’s Strategic, Ideological and Structural Adaptations since 9/11. In: Perspective of Terrorism, voume 5, nº 2, maio de 2011. ISSN 2334-3745
SILVA, Francisco Carlos Teixeira. Os Estados Unidos e a Guerra contra o terrorismo. In: ZHEBIT, Alexander; SILVA, Francisco Carlos Teixeira da. (org.) Neoterrorismo: Reflexões e Glossário. Rio de Janeiro: Gramma, 2009, p.13.
Como citar?
Sá, Katty C.L. Al-Qaeda. In: ENTEMPO Enciclopédia Eletrônica do Tempo Presente. Aracaju: Getempo. Disponível em: <http://enciclopedia.getempo.org/2021/04/05/al-qaeda/> Verbete da Enciclopédia.